Natural de Artigas, no Uruguai, em 23 de novembro de 1897 - 1972. Filho de Abrelina, descendente de etíopes, e Santiago, um militar genovês que se instalara em Quaraí. Vem ainda jovem para o Brasil onde se naturalizou em 1912 e passou a estudar no Colégio Júlio de Castilhos, formando-se em 1916. Em 1917, já funcionário público, ingressa na Faculdade de Medicina de Porto Alegre e é considerado, até hoje, o primeiro médico negro formado nesta instituição, no ano de 1922, defendendo a tese “Contribuição para o estudo da bismutoterapia na Sífilis”. Em 1923, prestou concurso para médico do Exército Nacional. Prestou serviços militares, atuando como Tenente médico, em Bagé (RS), Lorena (SP), Santiago (RS), no Estado do Mato Grosso, posteriormente em Santa Maria (RS) e Rio Pardo (RS), em 1926. Pediu demissão do Exército e passou a exercer a profissão como médico civil em Rio Pardo (RS), e foi um dos médicos que construíram o Hospital Senhor dos Passos de Rio Pardo e em seu consultório. A casa do médico, construída em 1798, abrigou o Imperador Dom Pedro II, quando sua visita ao RS em Rio Pardo, em 1865. A casa foi adquirida em 1926. Também foi um posto de saúde e centro cultural, que quando o local foi fechado o acervo do médico foi encaminhado ao Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul. Realizou curso de especialização no Rio de Janeiro de Cirurgia, Ginecologia e Obstetrícia. O interesse pela literatura o levou a participar do Grêmio Rio-Pardense de Letras. Publicou: Contribuição ao estudo do desenvolvimento da criança em Rio Pardo, em 1944; A propósito do temperamento de Dom Pedro II, em 1943. Foi colaborador de revistas científicas como Arquivos de Biologia, editada em São Paulo; Revista Brasileira de Medicina; Farmácia; Revista de Medicina; Higiene Militar; Revista O Observador Econômico e Financeiro. Foi redator da imprensa negra no final da década de 1920, atuando no periódico “O Exemplo”, em Porto Alegre (RS), no jornal “O Astro”, de Cachoeira do Sul. Casou-se com Jacy Marques de Souza, com quem teve 10 filhos: Romeu (médico), Rômulo (médico), Raul, Lourdes Conceição, Jacy Terezinha, Renê Lamberto, Rui, Marta, Elvira e Abrelina.
GOMES, Arilson dos Santos. Luciano Raul Panatieri e Veridiano Farias: a trajetória de dois médicos negros sul-rio-grandenses. In: QUEVEDO, Éverton, POMATTI, Angela Beatriz. Museu De História Da Medicina: Muhm Um Acervo Vivo Que Se Faz Ponte Entre O Ontem E O Hoje. Evangraf, Porto Alegre, 2016, p. 155 - 171.
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