SIGAUD, Joseph François Xavier

Natural de Marseille (França), 2 de dezembro de 1796 – 10 de outubro de 1856, no Rio de Janeiro. Filho Jeronymo Sigaud (negociantes) e de Marie Catarine Eyglument. Era bacharel em letras, e iniciou seus estudos na Faculté de Medicine de Montpellier (França). Diplomou-se em Medicina pela Faculté de Médecine de Strasbourg, em 7 de setembro de 1818, com a tese "Recherches et observations sur la phthisie laryngée". Já formado, iniciou suas atividades profissionais em Lyon (França), sendo admitido, por concurso, no Hôpital de la Charité desta cidade, onde atuou como cirurgião-interno e posteriormente como cirurgião-mor. Em decorrência da perseguição política no contexto antibonapartista do reinado (1824-1830) de Charles X, na França, decidiu imigrar para o Brasil, desembarcando na cidade do Rio de Janeiro em 7 de setembro de 1825, cidade onde se estabeleceu. Veio recomendado por carta de Ange Hyacinthe Maxence de Damas de Cormaillon, Barão de Damas e então Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, a Jacques-Marie Aymard, Conde de Gestas e Cônsul Geral da França no Brasil. Esta correspondência recomendava-o como médico e naturalista, com interesse em realizar estudos no campo da história natural e clinicar. No Rio de Janeiro, local onde realmente desenvolveria sua carreira médica, conheceu seu compatriota o livreiro-editor Pierre Plancher, de quem viria a se tornar amigo e sócio, e principal colaborador no periódico Spectador Brasileiro, editado por Plancher. Em 1829, juntamente com Joaquim Cândido Soares de Meirelles, José Martins da Cruz Jobim, Luís Vicente De Simoni e Jean Maurice Faivre, fundou a Sociedade de Medicina do RJ. Coube a ele, a incumbência da redação do projeto dos estatutos da fundação desta sociedade, e foi, ainda, seu presidente em várias ocasiões (1º trimestre 1830, 1º e 2º trimestres 1832, 1851-1852). Foi responsável pela criação do primeiro jornal da Sociedade de Medicina do RJ, intitulado “O Semanário de Saúde Pública”, lançado em 3 de janeiro de 1831, e publicado até 1835, tendo dirigido o periódico juntamente com José Maria Cambuci do Valle e Fidélis Martins Bastos. Em 1835 aliou-se novamente a seu amigo Plancher para editar o "Diário de Saúde ou Ephemerides das sciencias medicas e naturaes do Brazil”, que existiu até 1836, tendo como companheiros de redação o médico Francisco de Paula Cândido e Francisco Crispiniano Valdetaro, médico e professor das princesas filhas de D. Pedro II. Em 12 de novembro de 1833 foi nomeado, por José Bonifácio de Andrada e Silva, médico honorário da família imperial pelos serviços prestados a D. Pedro II, especialmente no tratamento de uma moléstia que acometeu o Imperador. Em 1840 foi efetivado como médico da Imperial Câmara. Dirigiu, em 1849, o serviço de medicina da Casa de Saúde do Saco do Alferes, inaugurada neste mesmo ano na rua do Saco do Alferes nº 253 (posteriormente rua de Santo Cristo dos Milagres), no centro do Rio de Janeiro. Também tinha um consultório particular localizado à rua da Misericórdia nº 36, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Em 1850 integrou a Comissão Central de Saúde Pública, destinada à prevenção da febre amarela, presidida pelo médico Cândido Borges Monteiro. Participou da criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, estabelecido pelo decreto nº 1.428, de 12 de setembro de 1854. Esteve no Rio Grande do Sul e referiu as fortes chuvas e os impetuosos ventos que “dissipam os miasmas engendrados pelas enchentes dos rios”. Mencionou as tempestades, as geadas e fez observações sobre a geologia do Rio Grande do Sul. Observou bócio endêmico em Rio Pardo (RS), Cachoeira do Sul (RS) e Caçapava do Sul (RS). Estudou a epidemia de escarlatina em 1833 e que teria chegado de Buenos Aires com os passageiros de navios carregados de couro e charque. Novo surto em 1843 estaria relacionado à chegada de tropas militares. Destacou a incidência de doenças pulmonares e sobretudo da tuberculose entre os soldados que chegavam das províncias do norte. Os dados estatísticos eram comprometidos pela intensa movimentação de contingentes militares no Rio Grande. Naturalizou-se brasileiro em 1854. Foi biografado por José Ayres Neto nos Anais Brasileiros de Medicina. Publicou: “Du climat et des maladies du Brésil ou statistique médicale de cet Empire" (1844). Também dedicou-se "Diccionario das plantas usuaes e medicinaes brazileiras". Em 4 de maio de 1844, foi condecorado pelo rei da França, Louis Philippe I, com a Cruz da Ordem Real da Legião de Honra, e em 2 de dezembro do mesmo ano foi agraciado pelo Imperador D. Pedro II, como Cavalheiro da Ordem Imperial do Cruzeiro. Em 19 de junho de 1859 foi inaugurado um pedestal em homenagem a Sigaud no salão nobre do Imperial Instituto dos Meninos Cegos. No Rio de Janeiro há uma rua denominada como “Dr. Xavier Sigaud”. Casou-se com Eugene Jeanne Genevieve Fargés, com quem teve as filhas: Victorine Sigaud Souto, que foi a fundadora da Associação Promotora do Ensino dos Cegos criada em 1888, Adèle Marie Louise Sigaud, Camile Sigaud, e um filho Eugenio Pierre Sigaud.

http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/verbetes/sigjoxav.htm