TOTTA, Mário Ribeiro

Natural de Porto Alegre (RS), 5 de janeiro de 1874 - Porto Alegre (RS),17 de novembro de 1947. Filho de Augusto Rodrigues Totta e Dona Emília Ribeiro. Médico e literato, poeta. Depois dos estudos primários, a partir de 1882, com apenas oito anos, com os professores Jesuíno dos Santos e, a seguir, Dona Maria das Dores, seguiu os cursos do Colégio São Pedro, dos irmãos Castilhos, em sua cidade natal, onde completou o curso secundário, ao mesmo tempo em que se iniciava em trabalhos comerciais, como caixeiro da Livraria Americana. Os preparatórios, fê-los com o Professor Dr. Alfredo Clemente Pinto. Foi como caixeiro que publicou sua primeira poesia num jornalzinho de propaganda da Livraria Americana, em 1892, contando 18 anos de idade. Também nesta época colaborava na imprensa, em especial, no Jornal do Comércio, dirigido por Aquiles Porto Alegre, onde trabalhava também Caldas Júnior, casado com uma filha do diretor do jornal, ao qual o médico logo se ligou por estreitos laços de amizade. Saindo Caldas Júnior da redação do Jornal do Comércio, por divergências com o sogro, acompanhou-o Mário Totta e Paulino de Azurenha, fundando os três, o Correio do Povo (1º de outubro de 1895). Em 1897, publicava, com Souza Lôbo e Paulino de Azurenha, o romance que causou escândalo – Strychinina, (Estriquinina) – editado pela Livraria Americana. Embora não fosse político militante, sempre se dedicou à política de Júlio de Castilhos, o que lhe valeu, com a assunção ao governo do Estado pelo Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros, em 25 de janeiro de 1898, a nomeação para Secretário Geral da Instrução Pública, que exerceu durante algum tempo, enquanto estudava Farmácia, curso em que se formou pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Após, ingressou na Escola de Engenharia, onde completou o 1º ano, mudando, a seguir, para a Faculdade de Medicina, cujo curso completou com brilhantismo. Como médico, foi nomeado Interno da Santa Casa de Misericórdia, tendo sido o primeiro a ser nomeado para aquele estabelecimento de caridade, por proposta do Professor Protásio Antônio Alves, Diretor, então da Sétima Enfermaria – Cirurgia Geral de Mulheres. Formou-se em Medicina em 1904, integrando, assim, a primeira turma de médicos graduados pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre. No ano seguinte, foi nomeado médico-adjunto do Ambulatório da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e logo depois Assistente da Cadeira de Clínica Obstétrica e Ginecológica da Faculdade de Medicina. Neste Hospital exerceu os mais diversos postos médicos, culminando com sua eleição de Irmão da benemérita Instituição a 19 de janeiro de 1909. No ano seguinte, a 24 de dezembro, depois de séria preparação, criou o Natal das crianças pobres, realizado na Santa Casa de Misericórdia. Em 1917, criava a campanha dos agasalhos para os pobres. Atuou ainda como Diretor do Gabinete de Identificação e professor de Higiene da Escola Normal. Foi a maternidade da Santa Casa a instituição mais beneficiada pelo seu espírito empreendedor e generoso. Quando ali começou a exercer suas funções, em 1908, escandalizou-se com as instalações para atendimento às mulheres grávidas, que eram alojadas junto às parturientes, puérperas e pacientes infectadas. Em 1931, inaugurava-se, pelos seus esforços, uma estrutura totalmente diferenciada. No entanto, o aumento da demanda e o espírito inquieto do doutor forçaram mais uma etapa na história da maternidade da Santa Casa: a construção de novo edifício, o pavilhão Daltro Filho. Em 1940, fazendo-se justiça à atuação devotada deste Patrono da Academia Sul Riograndense de Medicina, a maternidade recebeu o nome de Mario Totta. Desde 1912, Mario Totta foi professor catedrático da Cadeira de Patologia Geral da Faculdade de Medicina, tendo exercido, também, o cargo de professor substituto da Cadeira de Clínica Obstétrica da mesma Faculdade, cargo este que exerceu de 1916 a 1924. Aposentou-se das suas atividades como professor da Faculdade de Medicina em 1942, sendo-lhe conferido então o título de Professor Emérito pela Congregação da mesma. Foi sócio fundador do Sindicato Médico do Estado. Membro da Sociedade de Medicina de Porto Alegre, foi seu presidente. Além da medicina dedicou-se a outras atividades. Em 1918, a despeito de inúmeras atribuições, foi eleito e aceitou a presidência da Associação Porto-alegrense de Desportos, e no ano seguinte fundava a Sociedade Cultural e Bailante “Jotocó” da qual foi presidente até 1927, ao mesmo tempo que exercia a presidência do Esporte Clube Cruzeiro. Publicou obras de poesia, como “Meu Canteiro de Saudades” publicados pela Globo, em 1938, em memória de sua esposa, recém-falecida, Alaíde Olivais, com quem havia se casado em 16 de maio de 1901.

FRANCO, Álvaro; RAMOS, Sinhorinha Maria. Panteão Médico Riograndense: síntese cultural e histórica. São Paulo: Ramos e Franco Editores, 1943, p 574

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