Natural de Passo Fundo (RS), 7 de março de 1882 - Passo Fundo(RS), 16 de março de 1956. Filho do proprietário de terras João de Campos Vergueiro e de Carolina de Araújo Vergueiro. Seu pai foi líder político liberal durante o Império e, mais tarde, chefe republicano. Seu tio Gervásio Araújo Annes, foi chefe político e presidente do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) em Passo Fundo durante a República Velha (1889-1930). Fez os estudos primários com professor particular e matriculou-se em seguida no internato do Colégio Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo (RS), dirigido por padres jesuítas. Transferindo-se para Porto Alegre (RS) em 1896, estudou na Escola Brasileira e completou os estudos preparatórios no colégio dirigido por Emílio Meyer. Em 1900 ingressou na Faculdade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre, pela qual se formou em farmácia em 1903 e em medicina em 1905, após defender tese sobre anestesia geral. Retornou, em 1906, à Passo Fundo, onde por 20 anos exerceu a medicina na Intendência Municipal. Vinculando-se em 1908 ao PRR, tornou-se presidente do núcleo municipal da agremiação, até então liderado por seu tio Gervásio Araújo Annes. Eleito em 1909 deputado à Assembleia Legislativa gaúcha na legenda do PRR, aí ocuparia uma cadeira por cinco legislaturas consecutivas. Prefeito de Passo Fundo de 1921 a 1924, empenhou-se em criar escolas no município e, durante a Revolução Gaúcha de 1923, colocou-se ao lado do governo de Antônio Augusto Borges de Medeiros. Esse movimento constituiu-se numa guerra civil que opôs aos republicanos liderados por Borges de Medeiros, os federalistas encabeçados por Joaquim Francisco de Assis Brasil, os quais, denunciando fraude, rebelaram-se contra a reeleição do líder republicano para o quinto mandato como presidente do estado. Nicolau Vergueiro formou vários corpos militares e participou de combates contra os federalistas em Passo Fundo. A luta se estendeu de janeiro a novembro de 1923 e foi encerrada pelo Pacto de Pedras Altas, que estipulou a manutenção de Borges no governo mas vedou nova reeleição. Foi Presidente da Assembleia Legislativa gaúcha em 1929, quando o governo estadual determinou o fechamento de escolas no interior em virtude de dificuldades financeiras, manteve abertas as de sua cidade, responsabilizando-se pelos pagamentos que o Erário público não pudesse cobrir. Nesse mesmo ano criou em Passo Fundo a Escola Normal Osvaldo Cruz. No pleito de março de 1930, foi eleito deputado federal pelo Rio Grande do Sul na legenda do PRR, e assumiu o mandato em maio do mesmo ano. Em outubro seguinte, teve, no âmbito de seu estado, uma atuação destacada na revolução que depôs o presidente Washington Luís e colocou Getúlio Vargas na chefia do Governo Provisório. Com a dissolução dos órgãos legislativos, teve o mandato de deputado interrompido. Mais tarde, apoiou as correntes republicanas lideradas por Borges de Medeiros e Raul Pilla e favoráveis aos rebeldes paulistas que, em julho de 1932, se insurgiram contra o governo central e, em outubro seguinte, foram derrotados pelas forças legalistas. Preso, esteve exilado na Argentina e no Uruguai. De volta ao Brasil após os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) de 1933 e da anistia política geral decretada por Vargas, elegeu-se, em outubro de 1934, deputado federal na legenda da Frente Única Gaúcha (FUG), coligação do PRR com o Partido Libertador (PL). Empossado em maio de 1935, exerceu o mandato até novembro de 1937, quando, com o advento do Estado Novo, os órgãos legislativos foram mais uma vez suprimidos. Com a redemocratização do país em 1945, participou da fundação do Partido Social Democrático (PSD), tornando-se membro do diretório regional gaúcho e presidente do diretório municipal de sua cidade natal. Nessa legenda, foi eleito, em dezembro de 1945, deputado pelo Rio Grande do Sul à ANC. Empossado em fevereiro de 1946, participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta (18/9/1946), passou a exercer o mandato ordinário. Nessa legislatura, integrou a Comissão Permanente de Transportes e Comunicações da Câmara dos Deputados. Disputando a reeleição em outubro de 1950 na legenda do PSD, obteve apenas uma suplência. Concluiu o mandato em janeiro de 1951. Em 1956, fechou sua clínica em Passo Fundo. Colaborou em jornais de sua cidade, de Porto Alegre, São Paulo (SP) e do Rio de Janeiro (RJ), e escreveu livros e artigos sobre medicina. Casou-se com Jovita Leite Vergueiro, com quem teve dois filhos. Entre as obras publicadas destacamos: Anestesia Geral, tese de formatura, Porto Alegre, 1905. Mensagem Apresentada ao Conselho Municipal pelo Intendente... na Reunião Ordinária de 1923, Porto Alegre, Gráf. de A Federação, 1924. “A história do ensino em Passo Fundo”, sep. da Revista da Faculdade de Filosofia de Passo Fundo, Passo Fundo, ed. do Departamento de Estudos Sociais da Faculdade de Filosofia de Passo Fundo, 1967 (trabalho escrito em 1954 e divulgado postumamente).
FRANCO, Álvaro; RAMOS, Sinhorinha Maria. Panteão Médico Riograndense: síntese cultural e histórica. São Paulo: Ramos e Franco Editores, 1943, p. 577.
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/nicolau-de-araujo-vergueiro