DE PATTA, Michele

Natural de Scalea, Província de Cosenza, na Itália, 9 de fevereiro de 1888 - 13 de julho de 1946, em Santa Catarina. Iniciou o curso de medicina na Faculdade de Medicina de Camerino, em 1910, transferindo-se para Universidade de Bolonha, na Itália, com auxílio do dote de sua esposa, permanecendo por curto período, transferiu-se novamente, para ficar próxima da esposa e filhos, diplomou-se em Medicina e Cirurgia, podendo exercer também Farmácia, Odontologia e Radiologia pela Universidade de Nápoles, em 1916, na Itália. Serviu como oficial médico na Albânia e na Grécia, durante a 1ª Guerra Mundial. Após o término da guerra, continuou atuando como médico-cirurgião do exército e especialista em doenças de crianças na Itália. Em janeiro de 1920, embarcou em Nápoles, no navio Tomaso di Savóia junto com a mulher grávida, os filhos Peppino e Vitória, e a babá Minga. No Rio de Janeiro, o navio ficou de quarentena na Ilha Grande, pois havia a suspeita da presença de gripe espanhola a bordo. Transferiu-se para o sul do país e trabalhou em 14 núcleos urbanos no RS e em SC. Chegou em Porto Alegre (RS) em 1920, transferindo-se para Garibaldi (RS), atendendo também em Nova Bassano (RS), Lagoa Vermelha (RS) e outras localidades. Decidiu se mudar para Anta Gorda (2º distrito de Encantado (RS)), em setembro de 1921. Nessa localidade, organizou o Hospital São Carlos em um sobrado de madeira. A família residia no andar superior e no térreo, localizavam-se as dependências hospitalares com o consultório, a sala de operações, enfermaria e quartos dos pacientes. A casa de saúde possuía água corrente e telefone. Sua esposa era ajudante, enfermeira, encarregada da assepsia e da anestesia que era feita com clorofórmio. Os instrumentos cirúrgicos eram esterilizados em autoclave. Realizava exames laboratoriais e microscópicos. Fabricava os soros utilizados em frascos que eram lacrados a fogo. Locomovia-se com uma aranha, espécie de charrete com dois cavalos nas visitas domiciliares aos seus pacientes. Praticava cesarianas, esta cirurgia era realizada principalmente quando havia a decisão de salvar o bebê. Mas, também devido a sequelas decorrentes de tentativas de aborto, em curetagens mal-sucedidas, ou em função de complicações pós-parto que necessitavam de sua intervenção. Parte para Porto Alegre com a família, fixando residência no bairro Moinhos de Vento. Faz sociedade com seu irmão Felipe e abre uma farmácia com consultório no bairro Menino Deus. Atuou como médico cirurgião no Hospital da Beneficência Portuguesa de Porto Alegre e na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Mas decide se mudar para Rio Pardo (RS), depois dirige-se para Restinga Seca (RS) atendendo em sua clínica “Policlínica do Dr. Miguel De Patta” onde realizava cirurgias. Construiu um hospital em Restinga Seca (RS), no andar superior, localizava-se a residência familiar e, no andar térreo, o hospital, com uma moderna sala de cirurgia, para a época, com as paredes de forma arredondada, conforme era a recomendação para as boas condições de higiene, e o material vinha de Santa Maria (RS) de trem.  Transfere-se para Santa Maria (RS), atuando como médico da Viação Férrea do RS, ao mesmo tempo em que organiza uma policlínica em sociedade com outros dois médicos. A policlínica localiza-se no andar inferior do prédio e, no superior, residia com sua família. Realizava pequenas cirurgias, sendo que os pacientes cirúrgicos permaneciam por curto espaço de tempo em recuperação. Em 1931, mudou-se para Viadutos (RS), atuando no Hospital Nossa Senhora da Pompéia. Em 1932, transfere-se para Herval (RS) e instala um hospital e sanatório, denominado São Camilo. Para tanto, adapta um velho colégio de madeira. Em 1932, também, providencia o registro de seu diploma em decorrência do Decreto Federal 20.931. Suas atividades incluíam o atendimento aos doentes de Cruzeiro do Sul (RS). Torna-se agente consular italiano para a região. Em 1937, transfere-se para Criciúma (SC) levando o seu instrumental, que incluía o aparelho de diatermia e de raios ultravioleta, devido às precárias condições de fornecimento de energia elétrica, muda-se para Nova Orleans (SC) para atuar no hospital, no entanto, não lhe é dada a permissão para trabalhar por ser estrangeiro. Resolveu criar a Policlínica São Camilo com recursos próprios. Para tanto, comprou o prédio da antiga prefeitura, e adaptou para receber as instalações hospitalares, construiu uma sala de assepsia, corredor e cinco quartos, realizou exames de lâminas, extração de tumores cancerígenos, reconstituição de artérias, etc. Durante a 2º Guerra Mundial, adquire um aparelho de raio X, que foi encomendado em São Paulo, e realizou curso de atualização em radiologia em Porto Alegre, em 1944. Escreveu o livro manuscrito “Leoni di Calabria in terra Riograndense. La selvageria di Anta Gorda”. [S.l.]: Veritas, 1923. Casou-se em 1911, com sua prima, Hercília D'Acunti de Patta, teve os filhos: Giuseppe Marcelo, Dante Heroico Fortunato e Igéa.  

PILLAR, Igéa De Patta. Da Calábria ao Brasil. A história de um médico italiano. Porto Alegre: Igéa De Patta Pillar, 2004.

SCHWARTSMANN, Leonor Carolina Baptista. Entre a mobilidade e as inovações:a presença de médicos italianos no Rio Grande do Sul (1892-1938). Tese apresentada como requisito para obtenção do grau de Doutor em História pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2013, p.44, p.178 até 250.

https://antagorda.rs.gov.br/pagina/id/2/?historia-do-municipio.html

https://tribunaderestinga.com.br/noticias/detalhes/399/memoria-restinguense--miguel-patta

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