Natural de Oliveira (MG), 9 de julho de 1879 - 8 de novembro de 1934, no Rio de Janeiro. Filho de José Justiniano Chagas (cafeicultor) e Mariana Cândida Ribeiro de Castro. Iniciou seus estudos no Colégio São Luís em Itu (SP), de onde foi expulso por abandonar o internato jesuíta em 1888. Em São João Del Rei (MG), retornou aos estudos no Colégio São Francisco, do qual seu fundador, o Padre João Batista do Sacramento, o estimulou para ser médico, iniciando estudos sobre história natural, botânica e zoologia. Diplomou-se em Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1903, com a tese “Estudo Hematológico do Impaludismo”. Durante sua trajetória universitária foi orientado por: Miguel Couto e Francisco Fajardo, com quem apreendeu conhecimentos de clínica e de pesquisa científica, abrindo assim uma notável carreira de cientista e pesquisador, e tornou-se assistente do curso de malária. Em 1902, por indicação do professor Miguel Couto, passou a trabalhar no Instituto Manguinhos (hoje Oswaldo Cruz), sob a orientação de Oswaldo Cruz, elaborou a tese “Estudo Hematológico do Impaludismo”, temática alicerçada no estudo do ciclo evolutivo da malária na corrente sanguínea, em 1903. Em julho de 1907, transferiu-se para Lassance (MG), perto do Rio São Francisco, para debelar a epidemia de malária que vitimava trabalhadores construtores da Estrada de Ferro Central do Brasil, juntamente com sua equipe, instalados num vagão de trem, construíram um pequeno consultório e laboratório para atendimento de doentes e fazer diagnósticos e pesquisas. Naquela região capturou, classificou e fez estudos dos hábitos dos anofelinos, mosquitos transmissores de doenças. Examinando o sangue de animais em busca do parasita, identificou no sangue de um sagui (macaco pequeno) uma nova espécie de protozoário, ao qual deu o nome de Trypanosoma minasensis. Nesta ocasião, um engenheiro da ferrovia alertou para a presença de um inseto hematófago nas residências rurais, da espécie Triatoma infestans, conhecido como barbeiro, assim chamado porque suga o sangue durante a noite, picando o rosto das vítimas durante o sono. Dr. Carlos Chagas fez a dissecção destes insetos em seu laboratório improvisado e constatou que nos intestinos do mesmo havia outros Trypanosomas minamensis, já mais evoluída. Para aprofundar suas pesquisas, enviou alguns exemplares de barbeiros para queDr. Oswaldo Cruz fizesse testes com saguis. Um mês depois, constatou-se que a presença no sangue destes animais de trypanossomas, que mais tarde Chagas identificaria como pertencentes a uma nova espécie, à qual se deu o nome de Trypanossoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz. Todos seus trabalhos e pesquisas culminaram com a descrição do ciclo de uma nova doença, que mais tarde ganharia o nome de Mal de Chagas e/ou Doença de Chagas, em homenagem ao seu cientista descobridor. O trabalho que realizou foi o primeiro e único na história da medicina, tendo sua descoberta repercussão científica mundial, pois descreveu completamente e identificou o seu vetor (barbeiro), seu agente causantes (o parasita Trypanossoma cruzi), os seu reservatório (gato) e a doença, sua evolução anátomo-patológica e seus sintomas clínicos e complicações sistêmicas. De agosto de 1910 até março de 1913, na Expedição à Amazonia, liderou uma equipe constituída de mais dois cientistas e um fotógrafo, onde investigaram as populações ribeirinhas dos Rio Solimões, Negro e Purus, analisando as suas condições de moradia, abastecimento de água, esgoto, alimentação. De importância especial nestas investigações foram as referentes à assistência médica, observações de morbidades, epidemias e disponibilidades de tratamentos e curas. Em 1917, após a morte de Oswaldo Cruz, foi nomeado Diretor do Instituto Manguinhos. Na sua gestão incentivou a relação entre pesquisa e ensino, dando maior ênfase ao estudo das doenças tropicais transmissíveis, à divulgação dos métodos preventivos das mesmas, à fabricação de produtos medicinais e veterinários. Em 1918, a convite do Presidente da República, Wenceslau Brás, assumiu o controle da Gripe Espanhola no Rio de Janeiro. Criou 27 postos de saúde e cinco hospitais emergenciais e laboratórios para atendimentos dos doentes. Em 1919, foi nomeado pelo presidente da República, Epitácio Pessoa, para dirigir o Departamento Nacional de Saúde Pública. Nesse período, realizou reformas no serviço de profilaxia rural, instalou inspetorias especializadas no combate à tuberculose, à sífilis e à lepra. Com o apoio da Fundação Rockefeller, criou o Serviço de Enfermagem Sanitária e, em 1923 criou o Departamento Nacional em 1926, mas permaneceu dirigindo Manguinhos. Em 1925, foi indicado para lecionar Medicina Tropical na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Recebeu diversos títulos e condecorações: Prêmio Schein, pelo Instituto de Moléstias Tropicais de Hamburgo, Alemanha; Médico Honoris Causa, pelas Universidades de Harvard, Paris, Bruxelas e Lima; Diplomas das universidades e faculdades de Buenos Aires e Hamburgo; Medalha de Honra da Cruz Vermelha Internacional; Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra da França; Cavaleiro da Ordem Afonso XIII; Comendador da Ordem de Isabel, La Católica, da Espanha; Grau de Oficial da Ordem de São Thiago, de Portugal; Comendador da Ordem da Coroa da Bélgica; Membro da Sociedade de Medicina da Bahia; Membro titular da Academia Nacional de Medicina; Membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro; Membro do Comitê de Higiene da Sociedade das Nações; Membro da Academia de Medicina de Paris; Membro da Société Patologies Exotiques, de Paris; Membro da Société Royale des Sciences Médicales e Naturelles, de Bruxelles; Membro da Academia de Higiene de Nova York; Membro da Real Sociedade de Medicina Tropical e de Higiene, de Londres. De 1920 a 1931, foi Membro Honorário da Academia de Medicina de Roma; da Associação Médica Pan-Americana da Academia de Medicina da Bélgica, da Academia Nacional de Medicina de Madrid e da Sociedade de Biologia de Buenos Aires.
https://www.ebiografia.com/carlos_chagas/ acessado em 26 de julho de 2021.
LAITANO, Genaro; LAITANO, Nicolau; Ruas de Porto Alegre: MÉDICOS HOMENAGEADOS com seus nomes. Porto Alegre: EST Edições, 2017. p. 69-73.
DI RUSSO, Berlane. Nome de Rua - Personagens e Lugares das Ruas de Porto Alegre. Porto Alegre: EST Edições,2002, p. 61-62